<i>Juntem-se a nós e façam ouvir a vossa voz!</i>

Quando nos reu­nimos so­li­da­ri­a­mente para ex­primir um sen­ti­mento mas­sivo de in­jus­tiça, não de­vemos perder de vista aquilo que aqui nos reuniu. Es­cre­vemos para afirmar a todos os que se sentem pre­ju­di­cados pela força das cor­po­ra­ções em todo o mundo que somos vossos ali­ados.

(...)

Eles ar­re­ba­taram as nossa casas através de um pro­cesso ilegal de des­pejos, mesmo não sendo pro­pri­e­tá­rios da hi­po­teca ori­ginal.

Eles ar­re­ba­taram im­pu­ne­mente fi­anças aos con­tri­buintes, e con­ti­nuam a atri­buir pré­mios exor­bi­tantes aos exe­cu­tivos.

Eles per­pe­tu­aram nos lo­cais de tra­balho a de­si­gual­dade e a dis­cri­mi­nação ba­seada na idade, na cor da pele, no sexo, iden­ti­dade de gé­nero e ori­en­tação se­xual.

(...)

Eles têm sis­te­ma­ti­ca­mente pro­cu­rado re­tirar aos em­pre­gados o di­reito à ne­go­ci­ação de me­lhores sa­lá­rios e de con­di­ções de tra­balho mais se­guras.

Eles têm tor­nado os es­tu­dantes re­féns de de­zenas de mi­lhares de dó­lares de dí­vidas con­traídas para a sua edu­cação, quando a edu­cação é em si um di­reito hu­mano.

Eles têm sis­te­ma­ti­ca­mente des­lo­ca­li­zado o tra­balho, e uti­li­zado essa des­lo­ca­li­zação como ala­vanca para cortar nos sa­lá­rios e no di­reito à Saúde dos tra­ba­lha­dores.

(...)

Eles ven­deram a nossa pri­va­ci­dade como uma mer­ca­doria.

Eles têm uti­li­zado a força mi­litar e po­li­cial para im­pedir a li­ber­dade de im­prensa.

(...)

Eles con­ti­nuam a blo­quear formas al­ter­na­tivas de energia de modo a manter-nos de­pen­dentes do pe­tróleo.

Eles con­ti­nuam a blo­quear formas ge­né­ricas de me­di­cina que po­de­riam salvar vidas ou pro­por­ci­onar alívio de forma a pro­teger in­ves­ti­mentos que já deram um lucro mais do que subs­tan­cial.

Eles têm ocul­tado pro­po­si­ta­da­mente der­ra­ma­mentos de pe­tróleo, aci­dentes, con­ta­bi­li­dade frau­du­lenta e in­gre­di­entes inac­tivos, sempre na busca do lucro.

Eles mantêm pro­po­si­ta­da­mente as pes­soas de­sin­for­madas e te­me­rosas através do con­trole dos media que pos­suem.

Eles têm acei­tado con­tratos pri­vados para as­sas­sinar pri­si­o­neiros, mesmo que a sua cul­pa­bi­li­dade seja mais do que du­vi­dosa.

Eles têm per­pe­tuado o co­lo­ni­a­lismo cá dentro e lá fora. Eles têm par­ti­ci­pado na tor­tura e no as­sas­sínio de civis ino­centes no es­tran­geiro.

Eles con­ti­nuam a pro­duzir armas de des­truição mas­siva de modo a an­ga­riar con­tratos go­ver­na­men­tais. (*)

Aos povos do mundo,

Nós, a As­sem­bleia Geral da Ci­dade de Nova Iorque ocu­pando Wall Street em Li­berty Square, in­ci­tamo-vos a afirmar o vosso poder.

Exercei o vosso poder de vos reu­nirdes pa­ci­fi­ca­mente; de ocupar o es­paço pú­blico; de criar um pro­cesso de en­frentar os pro­blemas com que nos de­pa­ramos e gerar so­lu­ções que sejam aces­sí­veis a todos.

(...)

Juntem-se a nós e façam ouvir a vossa voz!

* Estas rei­vin­di­ca­ções não são exaus­tivas.

Ex­certos do do­cu­mento apro­vado pela As­sem­bleia Geral da Ci­dade de Nova Iorque em 29 de Se­tembro de 2011



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